Médico formado, com residência e doutorado pela FMUSP, especialista em Cirurgia Geral (anos adicionais de residência em Cirurgia Geral e Cirurgia do Trauma), e especialista em Cirurgia Vascular.
Diversas afecções tratadas pela Cirurgia Geral envolvem trafegar junto a veias e artérias (objeto de estudo da Cirurgia Vascular).
Como exemplos, mencionamos:
Um dos limites (“fronteiras”) do canal femoral, por onde emergem as hérnias femorais, é a veia femoral ou a veia ilíaca (quando a hérnia é tratada pela via anterior/ aberta, ou posterior/ laparoscópica; respectivamente).
Diversos linfonodos, comumente chamados de “gânglios”, que são retirados junto a tumores do estômago, por exemplo, estão localizados em proximidade a artérias, como o tronco celíaco (ramo da aorta), a artéria esplênica e a artéria hepática comum.
A artéria mesentérica superior (ramo da aorta) e a veia mesentérica superior são adjacentes (estão “grudadas”) à cabeça do pâncreas (porção chamada de processo uncinado) e precisam ser liberadas (dissecadas e “soltas”) nos tumores pancreáticos desta região.
Algumas afecções tratadas pela Cirurgia Vascular envolvem trafegar junto a vísceras ocas (como o intestino) e órgãos “sólidos” (como o pâncreas e o baço), que são objeto de estudo da Cirurgia Geral.
Como exemplos, podemos mencionar:
Os aneurismas da aorta abdominal podem ser tratados por via cirúrgica aberta, bem indicada para os pacientes mais jovens, ou com expectativa de vida maior. O procedimento geralmente envolve a dissecção (“isolamento” ou “liberação”) da aorta sob a veia renal e o pâncreas. A substituição da aorta doente é comumente completada com a dissecção das artérias ilíacas (comuns, externas e internas), o que envolve a mobilização dos cólons direito (ceco) e sigmoide (porções do intestino grosso).
Algumas doenças podem causar inflamações e aderências nestas regiões mencionadas. Isto tem o potencial de dificultar o acesso a elas (doenças como a diverticulite aguda, doença inflamatória intestinal, cirurgias prévias, etc., tratadas pelo cirurgião geral). Alguns cirurgiões vasculares (e textos / artigos) usam o termo “abdome hostil” (hostile abdomen, em inglês) para descrever essas situações, que, por vezes, servem como justificativa para substituir uma via (ou acesso), potencialmente preferencial, de tratamento. Estas aderências são o foco do trabalho do cirurgião geral em situações diversas, como por exemplo, no tratamento do chamado abdome agudo obstrutivo (obstrução intestinal por aderências).
Tanto a especialidade da Cirurgia Geral, p. ex. nas doenças digestivas, quanto a Cirurgia Vascular, p.ex. nas obstruções arteriais, trilham a busca por procedimentos ditos “minimamente invasivos” (talvez, melhor chamados de procedimentos de menor acesso).
A primeira, através da cirurgia laparoscópica, ou robótica. A segunda, através da intervenção endovascular.
Tanto a laparoscopia (e a cirurgia robótica abdominal) quanto a intervenção endovascular ensejam trabalho através de ambientes com pressões diferentes.
A pressão da cavidade abdominal (pneumoperitônio) e da luz (interior) das artérias é diferente daquela onde está o cirurgião (meio externo). Intercâmbio ou analogias mais técnicas entre as especialidades são possíveis.
A rotina do cirurgião geral ou do cirurgião vascular não obrigam, em boa parte, familiaridade com os recursos da intervenção em seus territórios vizinhos (ou especialidades vizinhas).