As afecções tratadas pela Cirurgia Geral wejam September 10, 2022

As afecções tratadas pela Cirurgia Geral

A Cirurgia Geral é especialidade que aborda as afecções (problemas) cirúrgicas (os) entre as mais incidentes (casos novos) e prevalentes (mais encontradas (os)) na população.

A especialidade aborda problemas cirúrgicos de urgência e eletivos (não urgentes) do conteúdo abdominal (vísceras abdominais, p.ex. casos determinados de doença do refluxo gastroesofágico, obesidade “grave”, afecções do intestino, vesícula biliar, apêndice vermiforme, etc.) e de seu continente (ou envoltório, a parede abdominal), p.ex. as hérnias inguinais, umbilicais, epigástricas, incisionais, etc.

Existem diferentes modalidades de tratamento, com possibilidades de benefícios e riscos específicas, para as diferentes doenças.

Tomemos as hérnias inguinais, por exemplo. São defeitos do componente muscular (dos invólucros, “fáscias”), de uma porção da parede abdominal (inferior e algo lateral, direita e/ou esquerda), que permitem migração de parte do conteúdo abdominal para topografia (região) mais superficial.

O tratamento pode ser realizado por via anterior (“pela frente”), usando os tecidos do próprio paciente (técnicas de Bassini, McVay, Shouldice, do trato iliopúbico, etc.). A recidiva em taxa significativa levou ao desenvolvimento dos reparos com uso de próteses (malha de polipropileno, poliéster, polímeros plásticos, etc.), como na técnica chamada Lichtenstein.

Pode, também, ser realizado por via posterior (“por trás” da parede), usando próteses, igualmente, como nas técnicas chamadas de Nyhus e de Stoppa.

A busca por terapias de menor acesso (incisão menor) trouxe as abordagens laparoscópicas (“TAPP” – transabdominal, “TEP” – extraperitonial), também posteriores, tratamentos através de cânulas de 05 a 12 mm de diâmetro (em geral) que atravessam a parede abdominal, onde a visualização é facilitada por sistema óptico conectado a uma câmera de vídeo-cirurgia.

O incremento de pinças laparoscópicas articuladas, manipuladas à distância (sistema “mestre-escravo” / “master-slave”), em console, com visualização 3 D (uma câmara para cada vista do cirurgião), ao qual chamamos de “cirurgia robótica”, aumentaram o leque de alternativas disponíveis.

A evolução (progresso) dos tratamentos não é linear (não há garantia de desenvolvimento ou benefício). Por vezes, já revelou desvantagens.

Para outras afecções (doenças), por exemplo, diante da indicação de retirada da vesícula biliar (colecistectomia), o uso de acesso (endoscopia, cânulas) através do estômago (“N.O.T.E.S.” – cirurgia endoscópica trans luminal por orifício natural), ou até da vagina (nas pacientes femininas) tem entusiastas nos encontros de especialistas e algumas publicações. A alternativa trás riscos que não justificam possíveis vantagens, atualmente, em minha avaliação e de outros, para esta retirada.

A alternativa tem valor e indicação, por exemplo, na drenagem de coleções líquidas determinadas (p.ex. nos chamados pseudocistos, com infecção, do pâncreas; coleções líquidas infectadas em pancreatites; determinados / acessíveis, etc.) próximas ao estômago.

De maneira simplista, um martelo é útil quando se trabalha com um prego. O mesmo, não é verdadeiro quando se deseja fixar um parafuso.

Mesmo que o martelo seja novo.

Analogias com outras afecções (doenças) e respectivos métodos de tratamento são possíveis.

Volto ao exemplo do tratamento da hérnia inguinal. O conhecimento da anatomia e fisiologia (forma/ território a ser navegado e funcionamento), da evolução/ funcionamento e complicações da doença (fisiopatologia, prognóstico), condições clínicas do paciente (saúde e reserva funcional), aliados à familiaridade, e destreza, com as diferentes modalidades de tratamento (aberta, com uso de próteses, anterior, posterior, laparoscópica e robótica), avaliadas criticamente, permitem a escolha e emprego daquela que oferece a maior possibilidade de benefício (correção do problema, defeito ou hérnia), com o menor risco de complicações imediatas e de longo prazo (durabilidade do reparo, etc.).

Esta abordagem/ raciocínio permeia a avaliação do paciente com diferentes doenças em que cabe intervenção ou tratamento cirúrgico.